Bate-papo com Mariana Dantas: jogadora que deu o pontapé inicial na campanha “Joga Junto”

A lateral-esquerda do Flamengo, Mariana Dantas, foi a convidada do primeiro episódio do Bate-Papo #EJ. A atleta de 26 anos falou sobre a campanha “Joga Junto”, a qual ajudou a dar início, e também um pouco sobre o momento pelo qual o mundo está passando.


EJ: É sempre importante dar uma direção às meninas que estão começando. Dito isso, quais as principais dificuldades que você encontrou no início da sua carreira?

Então, acho que de início a maior dificuldade era você ter um projeto que te desse certeza. Num ano você estar empregada e no outro ano você ter um futuro um pouco incerto, não saber se o time continua, se o time vai ter dinheiro pra te pagar, enfim, se o projeto iria se manter. Pra começar num time era muito difícil, mas pra acabar sempre foi muito rápido.

Muito tempo eu joguei sem ganhar nada, ou o pouco que eu ganhava às vezes não recebia da maneira correta [risos], então acho que o apoio da minha família foi fundamental para eu continuar jogando.

Dantas, lateral-esquerda do Flamengo

EJ: No seu começo, você tinha apoio da família ou encontrou dificuldades nesse aspecto?

Eu tinha muito apoio da minha família no começo, acho que por isso eu consegui continuar jogando futebol. Muito tempo eu joguei sem ganhar nada, ou o pouco que eu ganhava às vezes não recebia da maneira correta [risos], então acho que o apoio da minha família foi fundamental para eu continuar jogando.

EJ: No futebol em geral, quem sempre foi sua maior inspiração?

Na verdade eu nunca tive um ídolo no futebol, sempre acompanhei mas eu nunca tive uma pessoa em quem eu me inspirasse e falasse “nossa quero chegar ali, quero ser igual a essa pessoa”. Acho que hoje as meninas mais novas têm mais exemplos de onde elas querem chegar, mas na minha época era um pouco difícil. Me inspirava cada dia ver meninas que ganhavam 400, 500 reais, mandavam 300 pra família e viviam com quase nada. Na verdade, acho que isso foi minha maior inspiração.

EJ: Estamos vivendo um momento complicado devido à pandemia, e que afeta bastante o calendário do futebol. Como tem sido sua rotina de treinos?

Realmente é um momento muito complicado, ainda mais pra gente que é atleta, que tem uma energia acumulada maior que outras pessoas, ficar presa em casa tá sendo difícil. A gente tá acostumada a viajar, a ver bastante gente, treinar em lugar aberto, ter uma rotina…Mas, eu tenho treinado em casa, infelizmente não tô conseguindo fazer corrida, mas o Flamengo tem passado uns trabalhos pra gente fazer de acordo com o que temos na nossa casa, de material. Eu tô conseguindo fazer um treino, é óbvio que eu, como outras meninas, devemos perder parte física e isso é normal, mas quanto menos a gente puder perder, melhor.

Imagem: Instagram/mariana_dantas22

EJ: Podemos perceber toda a movimentação que a campanha “Joga Junto” está gerando. De onde veio a ideia de sortear as camisas e como foi acontecendo?

A campanha começou com um tweet meu, sem intuito nenhum de criar uma campanha ou de fazer uma coisa tão grande igual vem sendo a “Joga Junto”. Deu certo, um tweet teve tanta repercussão que não teve como a gente não levar pra frente esse projeto e criar a campanha que só foi possível porque muitas atletas se ofereceram a participar, dar camisas aos sorteios. Muitas pessoas por trás dos clubes, de assessorias, de marketing, criação de arte estão ajudando, no conteúdo da página, a responder as pessoas, interagir com a galera que participa, enfim. De manhã a gente teve a ideia e à noite já tinha uma página criada com tudo pronto, já com conteúdo, acho que foi muito bacana isso.

EJ: Para finalizar, você inspira muitas meninas por ser uma atleta de qualidade e também engajada nas causas sociais. Qual mensagem você gostaria de passar hoje para essas garotas?

A mensagem que eu passo é que quando você é atleta, não basta ser só um bom atleta, uma boa jogadora, acho que tem muita coisa por trás disso. Como você trata as pessoas que têm admiração por você, que te olham com um olhar de “nossa, quero ser igual a ela”! Eu acho que é muito bacana ter essa interação com o público que acompanha o futebol feminino. Pode ser até que tenha uma atleta que esteja melhor que você, mas ser grata com a torcida, bom exemplo, simpática com as pessoas que te apoiam, isso faz muita diferença para o torcedor. […] As redes sociais são uma grande arma então a gente têm que saber utilizar da melhor forma possível. E eu acho legal isso, você mostrar que não é só uma pessoa dentro de campo, o que você é fora também reflete muito no nosso trabalho.


Confira abaixo, na íntegra, as falas de Mariana Dantas:

2 comentários

  1. Excelente entrevista, Mariana retrata bem o que é o futebol feminino no Brasil, a dificuldade de ser atleta profissional os péssimos salários que são pagos pra essas atletas, muita força pras essas guerreiras.

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